O ser humano é um animal social que depende da linguagem para se comunicar. Ao longo da nossa evolução várias línguas surgiram e criando umka imensa diversidade de sons e palavras mas os processos de racíocinio são comuns em todas as culturas e para apresentarmos as nossas opiniões de forma clara e precisa utilizamos a língua e o raciocínio. O Pensamento Crítico é uma disciplina que se foca na utilização da lingua e análise do racíocinio na formulação de argumentos que expressam as nossas opiniões e as opiniões dos outros.
A comunicação é essencial não só no nosso mundo privado e profissional. Se a sua intenção é convencer os outros, você tem interesse em apresentar os seus argumentos de forma clara e robusta.
Por outro lado, você também precisa de decidir se quer deixar se convencer por aquilo que os outros lhe dizem. Decerto você não quer que os outros decidam por si, e quando a tomada de decisões importantes requerem análise detalhada, o Pensamento Cítico é uma ferramenta intelectual essencial na avaliação de toda a informação que irá contribuir para tomada de decisões importantes. Quer você queira convencer alguém das suas idéias, opiniões, ou ideais pessoais, uma boa argumentação é o primeiro passo para ter sucesso. Na negociação com um cliente,discutindo com os seus colaboradores ou falando para a imprensa, você tem interesse em apresentar a sua mensagem de forma clara para evitar equívocos e mal-entendidos.
Na prática pensar criticamente ajuda-nos nas seguintes tarefas
- seleção de bons argumentos e distingui-los de pura retórica
- avaliação dos dilemas
- entender o motivo de divergências
- resolução de conflitos
- identificação do foco preciso de um argumento
- avaliação da fundamentação apresentada para apoiar uma proposição
- avaliação da evidência
- avaliação da credibilidade das fontes de informação
- produção de argumentos claros, bem estruturado e poderosos
Assim pensar criticamente é um processo que nos ajuda a ser independentes nas idéias que formulamos. O nosso cérebro não nasce um pensador critico. Básicamente o cérebro é um orgão de aquisição e armazenangem de informação. O cérebro começa por aceitar as crenças dos outros.
O cérebro das crianças retém informação sobre o que os pais acreditam, mais tarde absorve a informação comunicada pelos professores, amigos e a sociedade em que estamos integrados. O que fazemos com essa informação? Podemos nos limitar a aceitá-la sem questionamento, ou podemos interrogar a sua validade. Isto requer porcessos de análise que têm como fundamento formas de raciocinar baseadas em dedução e indução. Por isso pensar criticamente é um processo que nos ajuda a decidir se queremos ou não aceitar as idéias a que fomos expostos durante o nosso desenvolvimento.
A origem da divergência
Quantas vezes as pessoas discutem embarcando em exibições de histeria emocional sem se darem conta qual é o motivo de sua discordância? A discordância pode surgir devido a uma série de factores. Por exemplo:
- Determinação da veraciade e precisão dos factos
- Sentido e definição das palavras usadas no argumento
- Experiências pessoais
- Visões do mundo
- Erros de lógica (ilogicalidade)
- Concepções sobre o que é moralmente certo e errado
Podemos ver como o nível de divergências pode escalar de uma forma quase inofensiva para uma forma agressiva em forma pirâmide que vai alargando para emoções cada vez mais fortes. O treino em Pensamento Crítico ajuda com a mantenção duma postura racional favorável à resolução de conflitos.
Resolução de conflitos
Os conflitos podem surgir de factores tais como:
- Incompreensão do que se entende por crítica
- Sobre-estimar nossas habilidades de raciocínio
- Falta de método, estratégias ou prática
- Relutância em aceitar a crítica
- Razões afetivas
- Confundindo informação para a compreensão
- Foco insuficiente e atenção aos detalhes
- Diversidade de crenças
O Pensamento Crítico ajuda a resolver estes conflitos oferecendo métodos de análise e correção dos nossos hábitos mentais.
Resumindo, o Pensamento Crítico é uma disciplina que involve três aptidões centrais.
1.Capacidade analitica que nos permite compreender sobre o que se trata o argumento
2.Avaliação do argumento para ver se ele funciona
3.Desenvolvimento do argumento, construindo argumentos claros e poderosos.
O objectivo do pensamento crítico visa evitar as pressões sociais que levam à aceitação de padrões sociais e ao conformismo sem questionamento. O pensador crítico procura entender como reconhecer ou evitar erros ou informação tendenciosa a que é exposto no seu dia-a-dia.
Links interessantes
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CONTEUDOS DO LIVRO
Prefácio
Capítulo 1: O QUE É O PENSAMENTO CRÍTICO
1.1. Argumentos versus retórica
1.2. Avaliação de dilemas
1.3. Identificação das fontes de discordância
1.4. Resolução de conflitos
1.5. A importância do método em pensamento crítico
Capítulo 2: O CONCEITO DE ARGUMENTO
2.1. Argumentos implícitos e explícitos
2.2. Porque alguém usaria argumentos implícitos?
2.3. Como identificar um argumento
2.4. Afirmações / Declarações
2.5. O hiato ser/deve ser
2.6. O Conceito de Pressuposto
Capítulo 3: A ESTRUTURA DO ARGUMENTO
3.1. Argumentos simples
3.2. Argumentos em forma de T
3.3. Argumentos em forma de V
3.4. Argumentos complexos
Capítulo 4: PENSAMENTO E RACIOCÍNIO
4.1. A diferença entre pensar e raciocinar
4.2. Formas de raciocínio
4.3. Pensamento rápido e lento: Sistema 1 e Sistema 2
5.1.LÓGICA CATEGÓRICA
5.2. Diagramas de Venn e Euler
5.3.Lógica Formal
5.4.Silogismos
5.5.Silogismos categóricos
Capítulo 6: QUALIDADE DOS ARGUMENTOS DEDUTIVOS
Capítulo 7: RACIOCÍNIO INDUTIVO
Capítulo 8: INDUÇÃO FORMAL
8.1.Indução por analogia
8.2. Indução por generalização(De alguns para todos)
8.3.Indução por silogismos estatísticos
8.4. Indução por confirmação (abdução)
8.5. Indução formal e o método científico
8.6. A importância do método científico na vida mundana
Capítulo 9: INDUÇÃO INFORMAL
9.1. Indução informal por analogia
9.2. Indução informal por generalização
Capítulo 10: QUALIDADE DOS ARGUMENTOS INDUTIVOS
Capítulo 11: ACEITABILIDADE
11.1. Avaliação da Evidência
11.2. Verificação duma proposição
11.3.Teorias da Verdade
11.4. Critérios da verdade
11.5. Racionalistas vs. Empiricistas: Uma batalha filosófica?
Capítulo 12: RELEVÂNCIA
Capítulo 13: ADEQUACIA
13.1. Critérios de adequacia
13.2. Apelo à autoridade
13.3. O uso de analogias
13.4. Apelo à ignorância (Argumentum ad ignorantium )
13.5. Falácias causais
Capítulo 14: RACIOCÍNIO ABDUTIVO
14.1. Hipóteses, teorias e modelos
14.2. Explicações
Capítulo 15: RACIOCÍNIO CAUSAL
15.1. Causa, Relação e Correlação
15.2. Condições necessárias e suficientes
Capítulo 16: INTRODUÇÃO ÁS FALÁCIAS
Capítulo 17: FALÁCIAS CAUSAIS
17.1. Falácias causais dedutivas
17.2. Falácias causais indutivas
Capítulo 18: FALÁCIAS DE GENERALIZAÇÃO POR INDUÇÃO FORMAL
18.1.Falácias de quantificação
18.2.Falácias Probabilísticas
Capítulo 19: FALÁCIAS DE GENERALIZAÇÃO POR INDUÇÃO INFORMAL
19.1. Generalização precipitada
Capítulo 20:FALÁCIAS DE EVIDÊNCIA E PROVA
Capítulo 21: FALÁCIAS DE ASSOCIAÇÕES E PADRÕES ILUSÓRIOS
Capítulo 22: FALÁCIAS ANALÓGICAS
22.1. Analogias Erróneas
22.2. Analogias Falsas
22.3. Analogias questionáveis
Capítulo 23: FALÁCIAS DE EXPLICAÇÃO
Capítulo 24: FALÁCIAS DE DEFINIÇÃO
Capítulo 25: FALÁCIAS DE RELEVÂNCIA
25.1. Quando a premissas que não suportam a conclusão
25.2. Falácias Ad hominen
25.3. Falácia Genética
Capítulo 26: FALÁCIAS DO ARENQUE VERMELHO
26.1.Falácia de excepção ou tratamento especial
26.2.Falácia do homem de palha
26.3. Falácias de apelo às emoções
26.4. Falácias de apelo à mente
Capítulo 27: FALÁCIAS VERBAIS
Capítulo 28: ARGUMENTOS ENVIÉSADOS (Bias)
28.1. Bias cognitivos
28.1.2. Bias derivados da percepção pessoal
28.2. Bias Motivacionais
Capítulo 29: PROPAGANDA e RETÓRICA
29.1. Propaganda
29.2. Retórica
29.3.Diferença entre propaganda e retórica
Capítulo 30: ANÁLISE DE ARGUMENTOS
30.1. Forma do argumento (validade)
30.2. Estrutura do argumento
30.3. Análise de Contexto, Qualidade e Conteúdo.
30.4. Desconstrução e Reconstrução de Argumentos
Capítulo 31: PRODUÇÃO DE ARGUMENTOS
31.1. Argumentos e Debates
31.2. Código de Conduta Intelectual
31.3. Objectividade
Capítulo 32: APPLICAÇÕES DA ARTE DE RACIOCINAR
Conclusão
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